A agitação dum vestido que tomba
Depois um corpo simples sem nuvens
Venha assim confiar-me os seus charmes
Você que teve a sua parte de felicidade
E que muitas vezes chora o sinistro fado daquele que a fez feliz
Você que não tem vontade de pensar
Que nunca soube edificar um homem
Sem amar um outro
Nos espaços de marés dum corpo que se desnuda
À mama que se afigura ser crepúsculo
O olho passeia sobre as dunas distraídas
Onde as fontes guardam as unhas de mãos nuas
Vestígios da vanguarda nua face pálida sob as celhas do horizonte
Uma breve lágrima noiva do passado
Saber que o clarão foi fértil
Infantis andorinhas julgam que a terra é o céu
O quarto negro onde todos os calhaus do frio estão afiados
Não me digas que não tens medo
O teu olhar está ao nível do meu ombro
És bela demais para exaltar a castidade
No quarto negro onde mesmo o trigo
Nasce da gulodice
Ficas imutável
Estás só.
Tradução: Fernando Oliveira
Este poema provém do tema intitulado “ A rosa pública “ – 1933 – de Paul Eluard
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